Pininfarina quer entrar na "guerra" dos eléctricos de luxo

Casa de enorme fama no campo do "design" automóvel, porventura um dos estúdios mais famosos do Mundo, a Pininfarina tem a ambição de se tornar num construtor a tempo inteiro, pretendendo fazer concorrência a marcas como a Aston Martin ou a Rolls-Royce quando começarem a aparecer os automóveis eléctricos de luxo. E o "concept" HK GT que levou a Genebra foi a primeira declaração formal de intenções!

Foi o actual presidente da companhia, Paulo Pininfarina, a confirmar as intenções da companhia, de acordo com os novos donos, os indianos da Mahindra que compraram o estúdio italiano em 2015, salvando-o de uma situação financeira desesperada: "O sonho do meu pai era construir uma marca de automóveis e já o sonho do seu pai era fazer uma marca de automóveis. Agora o plano é tornar esse sonho realidade", disse.

O seu avô, Battista Farina, foi o décimo de onze filhos, recebendo a alcunha de "Pinin" (pequenote), vindo a fundar, em 1930, a Carrozzeria Pinin Farina, mais tarde apenas Pininfarina. A sua colaboração para o estilo dos carros da Ferrari desde o início dos anos 50, foi crucial para a notoriedade da Pininfarina (que também trabalhou para marcas como a Alfa Romeo, Fiat, Maserati, Peugeot, Rolls-Royce ou Volvo), precisamente na altura em que o seu pai, Sergio, estava a entrar na companhia, depois de se formar em Engenharia.

Mas a Pininfarina nunca deixou de ser, essencialmente, um estúdio de "design" para outras marcas, passando mais tarde a ter alguma capacidade de produção para construir modelos de nicho para os construtores seus clientes. Agora, o plano de Paulo Pininfarina é, aproveitando a saúde financeira permitida pela entrada da Mahindra, transformar a empresa num verdadeiro construtor de automóveis eléctricos de luxo.

A Pininfarina deu uma pequena amostra daquilo de que está a falar, ao exibir, no recente salão automóvel de Genebra, o "concept" HK GT, uma berlina de luxo eléctrica, embora com um ar desportivo por só dispor de duas portas "asa de gaivota", de grandes dimensões. A sigla HK deve-se a ser uma encomenda do grupo chinês Hybrid Kinetic Group, mas a Pininfarina está a reunir condições para poder produzir os seus próprios modelos, agora que tem o financiamento dos indianos, "know-how" a nível das baterias e um director de estratégia contratado à Audi.

O HK GT presente em Genebra usava quatro motores eléctricos para uma potência total de 1073 cv, velocidade máxima de 350 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em 2,7 s. Tinha uma bateria de 38 kWh de capacidade, o que era manifestamente pouco para alimentar tanto poderio eléctrico, mas a marca previa três possibilidades para extensor de autonomia, um motor de combustão, uma turbina ou uma pilha de combustível que funciona a hidrogénio.

Pininfarina chegou, inclusive, a apresentar o HK GT como um carro que poderia até ser usado em pista, com o ecrã central a exibir vários gráficos de telemetria, permitindo ainda alterar as afinações das suspensões. O habitáculo está, aliás, cheio de painéis digitais, incluindo um ecrã em frente ao passageiro para que possa ter a sua própria central de infoentretenimento. Para "esboço" do que pretende fazer, o HK GT é já bastante promissor!

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